A saga de um roubo: a cronologia

Este texto é para aqueles que já passaram pelo o que passei e clarear sobre o "grande serviço" prestado à população. Não vou fornecer o número das delegacias, nem os nomes dos personagens. Conto no final o motivo. Espero que tenham paciência para lê-lo.

No dia 27 de março, às 23h20 sofri o roubo de meu carro na região da Aclimação/Vila Mariana. Como disse aos meus amigos: O cidadão mostrou seu brinquedo e entreguei a chave do meu para ele. Ai sim! começamos a saga. Imediatamente liguei para o 190 e para a seguradora. A delegacia mais próxima está há apenas duas quadras do local do roubo. Vou para a delegacia, com o que me deparo? Delegacia fechada! Há dois avisos, informando que as ocorrências após às 20h00 e aos finais de semana devem ser feitas em outra delegacia, o papelucho informa o endereço da delegacia. Já apontaram uma arma para você? bom, não queiram, além disso, vejo meu patrimônio se distanciando de mim e a delegacia não funciona à noite. Interessante! Bom consigo me deslocar para a delegacia
Chegando lá, conto com aquela solidariedade noturna, um cidadão, aliás eu descobri que esse termo é o mais pronunciado na delegacia, anota meu nome em uma folhinha na recepção e pede que aguarde em uma sala, havia várias pessoas já na salinha com vários policiais militares que aguardavam para lavrar as ocorrências. Ai aparece o Delegado, já querendo saber do que se tratava e avisando que estavam num flagrante difícil e que demoraria em torno de 5 horas para ser atendido. Digo à ele que aguardaria e que só sairia com o BO feito. Resposta dele "Este é um direito seu, Cidadão", gosto do cidadão! Acho que depois dos acontecimento vou incorporar em meus texto a palavra Cidadão como um relicário linguistico. É interessante aquela sala de espera, um foi roubado, o outro foi agredido, cidadãos aguardando serem atendidos. Ai, começa a boca pequena, que o Doutor Delegado estava em operação padrão. Fiquei sem entender! Para mim que trabalho com pesquisa científica, PADRÃO é, de forma simplista, um exemplo a ser seguido, um parâmetro e DOUTOR é alguém que defendeu uma Tese, para obter o título de Doutor. De forma pura, poderia imaginar que é um trabalho de excelência e qualidade. Neste caso citado: padrão diz respeito ao desrespeito, é ser enrolado, tapiado, pois cadê o flagrante? Não viamos ninguém entrar nem sair da dita sala do Doutor e o buxixo correndo. Depois de mais ou menos 1 hora, o Doutor aparece dizendo que algumas informações iriam demorar do flagrante e ele iria "adiantar o meu lado!" Entrei na salinha com a escrivã, cadê o Doutor, ninguém sabe, ninguém viu. Depois de todos os 5 minutos que demorou para fazer o dito BO, a escrivâ foi brincar de esconde-esconde com o Doutor, para ele assinar o BO. Sai da delegacia lá pelas 3 da manhã. Além do sentido de perda pelo veículo, apesar do seguro e sabendo da dor de cabeça para fazer todo o processo, a indignação é maior pela excelência no atendimento ao público, de pessoas, principalmento o Doutor, que compreende fielmente o que significa SERVIDOR PÚBLICO. Nossa hoje estou no ápice da ironia, ela continuará.
Havia alguns documentos dentro do carro. Documentos do encerramento da minha empresa de consultoria.
Durante a semana vou resolver as pendências do seguro, falo com contador. Qual a orientação do contador, é melhor você fazer um adendo ao BO relacionando os documentos da empresa. Bom, na semana seguinte, vou à delegacia, aquela que opera em horários restritos, chego ás 9h30. Vocês acreditam que pego outro flagrante!!!  Não tentem ir comigo ao DP, com certeza há flagrante. Pedem que retorne após às 13h00. Como não tenho nada para fazer, fiquei passeando pelas redondezas. Após às 13h00 retorno, depois de ser recebido e entrar novamente no bendito caderninho da ordem de atendimento, conto com a memória fisionômica do delegado, que por uma ação dos céus, pede que entre na sala. Imaginem! não fico esperando... Descrevo o que preciso e ele faz o adendo ao BO. Não resisti! perguntei: por que a delegacia funciona com horário restrito? resposta, não há pessoal para operar 24 horas. Muito bom!
Agora começamos a melhor parte, com um personagem que já passou por aqui.
No domingo sou convidado para um churrasco, logo que chego no churrasco recebo uma ligação do COPOM, informando que meu veículo foi localizado atrás do cemitério da Vila Mariana, que deveria ir para a Delegacia que um viatura iria me encontrar e levar para o local do veículo. Logo penso! no cemitério, meu carro já deve estar enterrado, depois de 15 dias o carro deve estar moido, encimado em cavaletes, esta eram as imagens. Vou para delegacia, acompanhado de meu irmão, a viatura nos encontra e nos leva ao local. Qual a surpresa? Qual? Qual? O carro estava inteiro. Pediram para levar a chave reserva, pois o carro estava trancado. Quando abro o carro! o carro está em perfeito estado, até os objetos que estavam no carro estão no devido lugar, com exceção dos documentos da empresa, que provavelmente estavam atrapalhando os manos em suas aventuras. Único problema, um pneu furado. Ótimo qual o próximo passo? Somos conduzidos a delegacia para acertarmos o procedimentos e levar o carro para casa. Não tenham essa ilusão, a delegacia mais próxima estava fechada. Lembrem ela não abre aos fins de semana e no período após às 20 horas. Obviamente, acabo indo para a outra delegacia, a que fica aberta, mas que tem o DOUTOR PADRÃO. Quando chego na delegacia, quem é o delegado de plantão? quem? quem? logo o Doutor padrão. O que o dotô padrão pede - perícia -, ai a vida fica divertida! tentam conversar com ele para suspender a perícia, pois não tinha sentido em fazê-la, não topa e manda a perícia. Ô DOTÔ estava assistindo jogo do São Paulo X Santos em seu notebook, como sei? dava para ouvi-lo falando sobre o jogo e quem foi falar com ele, contou que ele estava diante do notebook, pensam que a delegacia estava vazia, não! não!, lembram da salinha de espera, ela estava na espera, enquanto os CIDADÃOS aguardavam a operação padrão. Voltamos com os políciais militares para o local para aguardar a perícia. Minha ida à delegacia foi às 16h20, a viatura estava guardando o veículo desde às 14h30. Fico com os policiais, o sol vai se pondo, a temperatura abaixando e nada da perícia. Interajo com muitas pessoas da vizinhança, a Sra que chamou a polícia disse que o carro estava há uma semana na rua, os manos pegavam o carro à noite (23h) para dar um rolê e provavelmente roubarem de devolviam. O fato mais engraçado é que em um dos dias eles estacionaram o carro em frente de uma casa em que o Sr. não conseguia manobrar o carro para entrar na garagem, o sr. deixou um bilhete no vidro do carro pedindo para estacionarem o carro em outro lugar, e não é que os educados meliantes passaram a estacionar em outra posição. Eles são mais interessados com a comunidade do que o dotô. A Sra. só chamou a polícia porque o carro não saia desde quinta-feira com o pneu furado, ela achou estranho um carro daquele ficar na rua com o pneu furado. Surpresa! em frente ao meu carro havia um outro carro furtado. Isso é o que podemos de chamar de operação combo, atende um e acha dois. Vamos ao que interessa, 18h00 e nada, 19h00 e nada. Depois de alguns telefonemas, consigo o telefone da perícia, qual a diversão, é que Ô DOTÕ DELEGADO  encaminhou o pedido da perícia apenas no final do seu plantão, tenho de acreditar, a senhora atenciosa que passou a informação, confirmada logo depois, pois foi jogada na rede da polícia o pedido de perícia. Diante da situação e da indignação, um dos PMs pega o carro e vai para a delegacia, conversar com o delegado que entrou no plantão. Para se ter idéia, houve troca de turno enquanto ocorriam os fatos, os policiais que iniciaram a ocorrência forma rendidos por outros, veja só o dispendio de recursos, de tempo e respeito por causa do Padrão. Em um momento de sensatez o delegado, não o padrão, o que entrou no plantão da noite resolve dispensar a perícia, finalmente, posso trocar o pneu do carro. Pois, não podia mexer o carro para não contaminar a cena, achei que estava no CSI e Mentalista. Estava tentando fazer um acordo com os PMs para roubar meu próprio carro. Me disseram que se deixassem mexer no carro, eles poderiam ser processados. Troco o pneu e vamos para delegacia, isto era 21h34. O delegado resolve tudo. Este delegado eu posso chamar de padrão, que conheço da ciência. Ele próprio digitou o meu BO enquanto o escrivão lavrava um outro BO.  Cheguei em casa ás 23h20.
Não citei os nomes, pois vou escrever um documento aos orgãos responsáveis pela segurança de São Paulo, com os nomes. Faço algumas perguntas: Quanto tempo foi gasto sem necessidade? As viaturas da PM tiveram de ficar guardando o carro durante 7 horas, porque o dotô quer aparecer. Esse é um dos motivos pelos quais quando tempos uma emergência as viaturas demoram a chegar. Elas estão paradas esperando a boa vontade de alguém que acha que pode.Quanto dinheiro do erário foi nessa? quanto imposto que pago foi gasto? Porque o dotô estava em operação padrão. O descaso? a irresponsabiliade? Em todas as profissões temos bons e maus, temos os de caráter e os sem. Por que o dotô não escolheu outra profissão, se ele quer aumento de salário, ele não merece, pois ele é um vergonha! Ele não passa que um bacharel com uma insignia pendurada e um revolver, mas não é ninguèm, além de um estorvo para a sociedade.
Essa não é um texto de raiva ou mágoa, ele é um texto da realidade de alguém que tem instrumentos para denunciar o descaso, o desrespeito, a ineficiência e irresponsabilidade de um ser.

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