Relações Virtuais


            Muito tenho ouvido sobre a virtualização das relações mediadas pelas redes sociais, fenômeno do mundo contemporâneo, e mesmo nesse mundo, recente. A dialógica de causa e efeito dessas dinâmicas ainda é pouco conhecida, compreendida e carece de análise mais aprofundada. Nesse artigo vou apenas pincelar alguns destes pontos. 
            É possível estabelecermos relações afetivas no ciberespaço? Principalmente nas redes sociais, e provocando esta pergunta, as relações virtuais são reais? Começo respondendo a segunda pergunta: sim, elas são reais, pois quem está por trás da mensagem, das comunicações, das “cutucadas”, dos chats é um ser humano, e oxalá continue sendo assim, caso contrário, não precisaremos mais existir. Como diz Pierre Levy (2009, p.12) “a virtualização não é boa, nem má, nem neutra...”, Portanto, as manifestações nas redes sociais, talvez de algumas maneiras sejam potencializadas, mas não deixam de ser representações humanas.
É inegável que esse ambiente polifônico e caótico do ciberespaço está provocando uma reflexão sobre as relações humanas. Porém a fragilidade dos laços afetivos no ciberespaço, fragilidade esta que tem sido profundamente criticada; não é o reflexo do “mundo real“ em outra tela?
Essa inserção galopante de pessoas no mundo virtual e nas redes sociais e o consequente estabelecimento de “aproximações” entre elas, não é uma forma de ruptura e transposições dos muros dos condomínios, das grades, das câmeras que nos monitoram constantemente na rua, nos semáforos, nas esquinas, nas gaiolas que somos postos antes de entrarmos nos edifícios. As redes não são uma forma de fuga desse mundo de “enjaulamento”?
Estas redes permitiram que re-encontrássemos, mesmo que virtualmente, nossos amigos, conhecidos, colegas de escola, pessoas que não encontrávamos há tempos. Se há aproximadamente 10 anos atrás, podíamos conversar por chats, como o ICQ; com os recursos tecnológicos atuais, podemos falar e ver as pessoas que estão conectadas conosco, basta uma webcam. Outros sentidos passam a ser explorados com isso, posso ver a reação da pessoa, posso ouvir as variações na voz, posso ver se a descrição do perfil é próximo do que estou encontrando na webcam ou são avatares da aparência que esta pessoa anseia.
A efervescência do tema provoca leituras no mesmo diapasão, leituras apaixonadas e críticas. Ainda carecemos de muita reflexão e estudo sobre como essas dinâmicas caminham e compartilham nossas relações como seres humanos 

Lévy, P. O que é virtual? Editora 34: São Paulo, 2009.

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