Ciberbullying

O bullying é a perseguição e intimidação sistemática no intuito de provocar sofrimento, é repetitivo e intencional. Há algumas formas de bullying: 1) direta e física – agressões físicas, roubar, estragar objetos, extorsão e outras formas, em que ocorra o contato com o colega ou de bens do colega; 2) direta e verbal - não há o contato físico, mas há a agressão verbal, xingamentos, humilhações, etc; e 3) indireta – nessa não há a presença física é pode ser caracterizada por fofocas, boatos e difamações.

Sendo que, o cyberbullying se encaixa, de maneira geral, na terceira forma – as redes sociais, sites de vídeos, áudio, MSN`s, mensagens por celular ou outras ferramentas do ciberespaço podem, sim, ser utilizadas como ferramenta de bullying.

Alguém que queira desmoralizar, humilhar, desconstruir o outro pode postar frases, textos, vídeo, áudios, blogs, microblogs ou outras técnicas de comunicação nas redes para atingir esse propósito, o que amplia significativamente o espectro de pessoas que receberão e interagirão nessa ação.

De maneira geral é tão prejudicial quanto o bullying tradicional, mas há um agravante significativo, pode-se entender o bullying tradicional dentro de limites físicos. Doravante, no ciberespaço não há limitações físicas e nem de participantes na ação, há o que chamamos de não-lugar, não existe a presença no mesmo tempo e espaço. Assim o desdobramento da ação pode se tornar incontrolável, pois disparar uma mensagem em uma rede social, dependendo da configuração da conta do autor da ação, vai colocá-la em contato, instantaneamente, com centenas de outras pessoas, que podem redirecionar essa mensagem, criando um ambiente caótico e polifônico.

A partir daí, a contenção dessa mensagem é praticamente impossível não há como interrompê-la, mesmo que o autor apague a mensagem, vídeo, áudio ou qualquer ferramenta de transmissão nas redes, não há como ter certeza que essa mensagem foi efetivamente apagada, pois alguém nesse caminho caótico pode tê-la salvado, impresso, repassado para outra rede diferente de onde originalmente foi lançada. As novas interfaces que permitem a interação de mensagens entre redes sociais diferentes, em muito potencializa esse processo.

Nesse universo do ciberespaço a expressão é atemporal. Não há a agressão física e verbal direta – indiretamente pode ocorrer a agressão verbal, por meio de áudios e vídeos postados -, mas a indireta que é sustentada pela fofoca, difamação e boatos passa a ser ainda mais poderosa, pode-se, por exemplo, conseguir manter o anonimato da mensagem por períodos prolongados, e quiça, não ser possível detectar a origem. Obviamente, essa dificuldade de localizar a origem passa por um conhecimento avançado da tecnologia empregada por parte daquele ou daqueles que a dispararam. Para os indivíduos que apenas são usuários e não conhecedores da tecnologia empregada; a identidade e o conseqüente rastreamento não são difíceis.

Outro ponto, com os recursos disponíveis pode editar vídeos e áudios que comprometam uma pessoa no intuito de desmoralizá-la, diminuí-la e tirar vantagem disso. Portanto, num primeiro momento não há a “lesão” física, mas há uma desestruturação psicológica e social, e há frente pode desencadear uma gama significativa de desajustes.

Estas dinâmicas estão presentes em múltiplos cenários, Levy (2009, p. 11) afirma que “um movimento geral de virtualização afeta hoje não apenas a informação e a comunicação, mas também os corpos, o funcionamento econômico, os quadros coletivos da sensibilidade ou o exercício da Inteligência”. Posso dizer que este é decorrente de uma sociedade descrita com propriedade por Baumann (2007, p. 11) “A “sociedade” é cada vez mais vista e tratada como uma “rede” em vez de uma “estrutura” (para não falar em uma “totalidade sólida”): ela é percebida e encarada como uma matriz de conexões e desconexões aleatórias e de um volume essencialmente infinito de permutações possíveis”.

Para finalizar, há um ponto muito importante que devemos nos ater, aos que apenas se utilizam do recurso sem um conhecimento aprofundado. Em razão da possibilidade de rastreamento e monitoramento das mensagens, essas pessoas que praticam o cyberbullying estão passíveis de ações penais, já que o registro pode ser impresso e gravado, gerando prova contra si.